RIO TIETÊ

Quanta tristeza sinto em meu peito ao observá-lo hoje, vendo-o arrastar-se por seu leito poluído.
Lembro-me de você, forte e vigoroso, a deslizar suavemente em seu longo percurso, cheio de energia, mostrando a todos que o observavam, sua beleza grandiosa.
Quando eu e meus companheiros o conhecemos, tinha em suas margens árvores frondosas, parecendo soldados e lhe protegerem. Quantas aves coloridas e belas cantavam e saltavam alegres em seus galhos, fazendo seus ninhos e encantando seu percurso.
Lembro-me também quando, por descuido, caíamos em suas águas e você mostrava sua força lutando conosco para arrastar-nos em sua correnteza.
Seguíamos sempre seu rumo para nos guiarmos.
Formamos pequena vila, hoje esta grande cidade que está a lhe matar.
Sabemos que o progresso é necessário, mas se os homens soubessem preservar a natureza, hoje você não estaria nessa angustiosa agonia. Quanta falta lhe faz aquelas velhas companheiras que margeavam seu caminho, trazendo sombra e oxigênio para suas águas.
Querido Tietê, se soubéssemos que você iria sofrer tanto, teríamos nos desviado de seu caminho.
Se os homens soubessem o mal que estão causando a você e a eles próprios, com certeza já teriam achado um meio de lhe ajudar.
Meu coração chora ao vê-lo tão doente e poluído, arrastando sua tristeza por onde passa.
Mais tristeza ainda sinto, quando os homens que passam por você viram o rosto para não enxergarem a maldade que lhe fizeram.
Estou sempre rogando ao Pai para que ilumine algumas mentes aqui na Terra, para que possam lhe salvar.
Se árvores fossem plantadas em suas margens e os resíduos das indústrias fossem direcionados a lugares adequados, já seria um começo para que você pudesse respirar novamente.
Quantas crianças se beneficiariam com seu renascimento! Poderiam apreciar aquelas belas aves que eu e meus companheiros tanto apreciamos.
O ar da cidade ficaria mais leve e saudável, tudo nesta cidade seria melhor e mais belo.
Ainda tenho esperanças de vê-lo deslizar suavemente, com suas águas limpas e saudáveis.